terça-feira, 15 de março de 2011

Sobre o ocorrido na última segunda-feira com as turmas de 3o Ensino Médio



Isaac Newton enunciou no seu livro Princípios Matemáticos da Filosofia Natural que, em se tratando de forças, toda ação corresponde a uma reação de mesma intensidade e direção, mas de sentidos opostos.

Devido aos acontecimentos da última segunda-feira e já prevendo uma reação muito maior do que a ação, revisei na minha memória fatos e falas (minha e dos alunos) que me ajudarão a dar sustentação para as argumentações da próxima quinta-feira. Mais uma vez, um teórico da Educação chamado Georges Snyders ajudou-me a revisitar certas convicções e reafirmar o sentido de ser educador em uma escola democrática.

O texto a seguir é um recorte do livro “Alunos Felizes: reflexão sobre a alegria na escola a partir de textos literários”. Logo na Introdução, há um destaque para o tema “À procura do sentido”, e é sobre isso que eu quero que vocês, como eu, reflitam.

“Havia, pois, necessidade de decifrar as queixas e acusações dos alunos: nem minimizá-las nem tomá-las ao pé da letra, mas tentar compreender a que dificuldades elas correspondem.

Perante os colegas, perante um professor “sabido”, o aluno sente medo de não estar à altura e o temor se traveste facilmente em crítica e em recusa. O medo do fracasso, o medo de enfrentar o difícil acionam mecanismos profundos de defesa: ceticismo generalizado, recusa das obrigações e avaliações.

Há momentos em que o aluno que fracassa pode apenas refugiar-se no “orgulho” de afirmar que “seus resultados pouco lhe importam”; logo ele só pode entregar-se à “preguiça”. Certamente não excluiremos o papel positivo dessas negações escolares no desenvolvimento da personalidade, mas o que é denunciado então pelo jovem faz sentido muito menos como testemunho sobre os fatos do que como expressão de uma personalidade à procura de si mesmas: “Esta dureza, (como uma) casca, crescera em torno dele porque precisava dela”. Por que são, por definição, jovens, de modo algum personalidades já formadas, ainda menos fixadas; não se representará a pessoa do professor chocando-se com as pessoas dos alunos, mas sim alunos tentando diferentes papéis – e o papel de refratário pode figurar entre os mais favoráveis.

Mais um passo: é justamente seguindo caminhos indiretos que certos alunos avançam, afinal, em direção à alegria – e há certos professores que querem abrir a seus alunos esse tipo de itinerário: por exemplo, formar uma personalidade de opositor, pegar, da cultura, os temas de oposição. Determinado professor lamenta que o colégio (técnico) prepare os alunos para a “obediência... a humildade social... a resignação” e está convicto de que eles se desenvolveriam se chegassem à insubmissão:

Que fazer para que eles se revoltem contra mim? Porque somente se revoltando contra mim é que eles terão aprendido alguma coisa de mim... Certamente eu sou o único que pode ensinar-lhes a revolta.

Resta distinguir entre o desenvolvimento do jovem na revolta e o simples prazer de protestar contra determinada pessoa, determinada autoridade.”

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